Submissão talvez passasse desapercebido pela crítica e pelo público em 2015 (pelo menos o brasileiro) se não fosse o ataque ao tabloide de humor francês Charlie Hebdo. A partir deste evento falou-se aqui e ali sobre um polêmico livro recém lançado na França que trata da questão muçulmana.
Escrito em primeira pessoa o livro ficcional 'Submissão' do francês Michel Houellebecq narra a história de um professor universitário especialista na obra de Joris-Karl Huysmans que vive em uma França marcada pela mudança no panorama político e social.
Em um futuro próximo a subida ao poder da chamada Fraternidade Muçulmana, representada por Mohammed Ben Abbes, da início a mudanças progressivas na política e sociedade francesas. Tais mudanças são, na verdade, um reflexo da própria Europa como um todo. A influência islâmica passa a ser cada vez maior em todas as áreas da vida através tanto de leis como de costumes introduzidos aos poucos.
Apesar de 'Submissão' ser uma obra ficcional é possível perceber, conforme se lê, que existem várias referências a autores e linhas de pensamento reais e pesquisando um pouco sobre Huysmans logo notamos que a vida deste e a do protagonista do livro possuem semelhanças em sua evolução.
O livro também traz passagens com descrições de sexo explícito que, apesar de fazerem sentido no contexto geral (o sexo no caso), poderiam tranquilamente ser substituídas por descrições mais veladas e até mais poéticas. A pornografia explícita contida no livro é perfeitamente descartável (e em certo sentido até de mau gosto) e provavelmente foi introduzida apenas para chocar o leitor.
Se pesquisarmos sobre Michel Houellebecq, o autor do livro, notaremos que ele é criticado por sua postura xenofóbica e em especial anti-islâmica. Esta postura pode ser percebida no decorrer do livro onde, apesar de não haver uma crítica direta ao islã, a mostra de maneira velada, introduzindo certas passagens que jogam na cara do leitor um grande contraste entre este e preceitos morais ocidentais.
No geral o leitor pode ficar em dúvida se a polêmica em torno do livro se deve mais ao tema da influência muçulmana no ocidente ou se pelas cenas de sexo gratuitas.