Continuamos acumulando jornadas duplas, triplas, e recebendo menos pelo nosso trabalho...
Continuamos com medo de andar sozinhas à noite...
Continuamos morrendo por escolher a liberdade ao invés de um relacionamento infeliz...
Muitas de nós ainda crescem ouvindo que futebol não é coisa de mulher...
Então, eis a pergunta de um milhão de dólares: como acreditar e fazer da política, território predominantemente masculino, coisa de mulher?
Muitos parecem ser os caminhos e possíveis alternativas para a ampliação da participação feminina na política brasileira, porém nenhum é "rápido e indolor".
Vejamos:
Desde a redemocratização do Brasil, apenas 8 (oito) mulheres foram candidatas à Presidência da República.
Em 2010, Dilma Rousseff foi a primeira mulher a ser eleita Presidente do Brasil.
Nas eleições presidenciais de 2018, dentre 13 candidatos, a ex-senadora Marina Silva (Rede) era a única mulher na disputa direta pela Presidência da República. Além disso, elegemos somente uma governadora de Estado, no Rio Grande do Norte.
Tentando auxiliar na diminuição dessa sub-representatividade feminina na política, ano passado, o Plenário do Tribunal Superior Eleitoral - TSE assegurou às mulheres 30% dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, devendo o mesmo percentual ser considerado em relação ao tempo destinado à propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão.
Aqui, cabe uma reflexão. As cotas de gênero são importantes? Claro que sim. Mas são apenas o pontapé inicial nesse jogo democrático, que dura muito mais do que noventa minutos.
Mas o que será que está realmente faltando para ocuparmos nosso espaço na política?
Penso que, nós, mulheres, precisamos ter o apoio e as ferramentas necessárias para alçarmos voos mais altos.
E se tivéssemos mais creches acessíveis em período integral?
E se tivéssemos mais participação masculina na divisão das tarefas domésticas e na criação dos filhos?
E se tivéssemos punições mais severas aos partidos políticos que burlam a legislação eleitoral com "candidaturas laranjas"?
E se as nossas instituições, formais e informais, apoiassem mais a participação de mulheres na política?
Como seria?
Precisamos que as mulheres ocupem as direções partidárias, historicamente dominadas por homens. Assim, seria importante o estabelecimento de cotas para os cargos de direção partidária.
Também é relevante debater o tema, desmistificar o assunto. Começar a deixar claro que o espaço político é de todos que queiram ocupá-lo, sejam mulheres, homens, negros, pardos, indígenas.
Pois, só quando nós mulheres acreditarmos que o nosso lugar é onde quisermos estar, melhoraremos a nossa representatividade na política.