Escolhendo o seu candidato. Que critérios seguir ?

Votar é muito mais que apertar um botão. Mas como decidir pela escolha de um candidato? Procuro listar alguns tópicos que acredito serem importantes para esta decisão.

Observação: Um novo artigo mais atualizado sobre as eleições foi lançado. Nele é abordado, entre outras coisas, os candidatos ficha suja e o uso das redes sociais na disputa eleitoral. As informações deste artigo em que você está continuam válidas.

Época de eleições é um período de grande “agitação” em todos os sentidos. Mesmo para aqueles que não gostam do assunto “política” os programas eleitorais, as matérias nos jornais e mesmo a obrigação de sair de casa e se dirigir para seu colégio eleitoral exige um mínimo dos mínimos de reflexão. Mas baseado em quê deveria alguém refletir sobre eleições, política e a escolha de seu candidato?

Bom, a resposta parece ser óbvia. Deveria ser baseada em notícias, informações sobre a atuação dos candidatos, propostas, a situação em que vivemos e seus valores pessoais. Mas apesar de parecer óbvio não é nada fácil reunir estas informações e chegar a uma conclusão, isto considerando que se queira dedicar algum tempo a esta tarefa.

Porém, a cada eleição a quantidade de informações à disposição, principalmente via Internet, aumenta de maneira que nossa responsabilidade se torna cada vez maior. Não é mais desculpa ter votado neste ou naquele candidato e mais tarde nos arrependermos porque não sabíamos sobre seu passando devasso, por exemplo.

Desta forma, procuro listar abaixo alguns tópicos que acredito serem essenciais para se fazer uma boa escolha:

Cuidado com os e-mails

Nesta época a proliferação de e-mails com historinhas sobre político fulano, partido sicrano e etc. é enorme. Temos que tomar muito cuidado pois, muitas vezes, as fontes de origem destes são duvidosas ou falsas, já que implantar uma notícia falsa por e-mail é muito fácil.

Não é porque um e-mail foi encaminhado para você por um amigo de confiança que necessariamente ele reflete a verdade sobre algum fato. Este seu amigo pode já ter recebido de um outro amigo e este outro e de outro e assim sucessivamente, mas não necessariamente algum destes “intermediários” teve bom senso de checar as informações ou procurar evitar repassar o e-mail vindo de fonte não confiável, ou mesmo algo que uma certa pessoa acredita muito, mas que pode não ser absolutamente verdade.

Então com e-mails é bom ter muito cuidado, tanto com o que se lê quanto em repassar para outros.

Governar não é só “construir estradas”

Mostrar obras que o candidato faz mais que o outro é um método muito comum de “marketing” e devemos tomar cuidado com ele. Obras são muito importantes, mas um hospital lindo não vai curar doenças se não tiver remédios e bons médicos, enfermeiros, psiquiatras, psicólogos e etc. Uma creche enorme não vai cuidar bem do seu filho se não tiver professores e inspetores bem remunerados e formados. Uma ponte bela e com várias pistas não fará seu filho aprender a ler e escrever. No máximo o fará chegar antes na escola.

Além do mais obras podem ser superfaturadas muito mais facilmente do que na contratação de profissionais, além de atender a interesses de grupos poderosos.

Como exemplo imagine que votamos no candidato X, que é amigo de Y que contrata a empresa do camarada Z pra fazer obras públicas milionárias e que paga propina para X e Y. E assim nosso dinheiro vai para o financiamento das campanhas de X e agora de Y para contratar novamente Z e seu outro amigo W e assim por diante.

Avaliar se um candidato, que já passou pela vida pública, foi bom ou ruim envolve saber como ele trata outros muitos aspectos da administração pública, além de obras, que são os aspectos mais visíveis do que fez, mas não necessariamente os mais importantes.


A honestidade não deve vir apenas dos políticos ou candidatos

Um aspecto interessante a analisar é aquela velha frase “político é tudo corrupto”, mas será que apenas eles são corruptos ou será que os políticos são um reflexo de nossa sociedade do “jeitinho brasileiro”?

Vários meios de comunicação já fizeram testes para verificar esta tese, mas uma que me chamou muita a atenção foi feito em Brasília pelo programa CQC da Rede Bandeirantes. Ali podemos ver tanto pessoas honestas quanto malandras e nos perguntamos: Afinal, por onde deve começar a honestidade pelos políticos ou por nós mesmos?

Já foi escrito aqui no site, em uma matéria anterior, sobre a corrupção e os políticos, mas acredito que voltar ao assunto nunca é demais.

Hoje temos muito mais meios para verificar a honestidade dos candidatos, bastando para isto consultar a Internet. A Transparência Brasil (http://www.excelencias.org.br/) e a Associação dos Magistrados Brasileiros (http://www.amb.com.br/eleicoeslimpas/) possuem as fichas dos candidados para consulta pública.

Nós, eleitores, também devemos ser honestos no sentido de não aceitar a venda de nosso voto, refletir sobre nossos valores e procurar um candidato que represente nossos anseios. Se um eleitor tem como valores a desonestidade para “se dar bem” em que tipo de candidato ele vai votar? O problema é que um candidado desonesto quando eleito faz mal para muitas pessoas, inclusive para aqueles que votaram e que não votaram nele.


Seu voto não vale uma camiseta

Na atual legislação eleitoral é proibido a distribuição de brindes por candidatos e muito menos a compra de votos, mas muita gente não sabe disto ou sabe e finge não saber. O chamado jeitinho Brasileiro de ser esperto. Vender seu voto agora pode parecer um bom negócio, mas a longo prazo você notará que este ato sairá caro.


Retórica e Falácias

O uso destes recursos é muito comum, tanto pelos candidados quanto pelas pessoas que os apóiam. Cuidado para não ser enganado através de jogos de palavras, que em um primeiro momento podem parecer muito bonitos e corretos, mas não resistem a uma análise um pouco mais cuidadosa.


Pesquisas eleitorais

Basear a escolha de seu candidato apenas em pesquisas eleitorais pode ser um erro grave. Além dos problemas com a pesquisa em si (vide primeira referência), este é um instrumento que deveria ser utilizado apenas pelos candidatos para auxiliar nas decisões de campanha e estratégias e não como um critério para o eleitor votar em quem está ganhando, no que está em último (coitado) e etc. Campanha eleitoral não é rifa, bingo ou jogo do campeonato.


Candidato “alegórico”, candidato protesto.

Votar em candidato que se veste de sheik árabe, que tem nome engraçado, que faz malabarismo, que grita, bate na mesa, que faz musiquinha engraçada, que é “famoso” ou bonito, que faz promessas mirabolantes e etc. pode ser um erro grave. Governar não é o mesmo que atuar em um circo!


Infiltração de organizações criminosas

Acredito ser este o maior problema que enfrentamos nos dias atuais. Quando uma organização criminosa toma conta do poder institucional de um Estado ela se auto-alimenta, gerando problemas gravíssimos. Você já pensou nas conseqüências de um político com ligações criminosas votar leis sobre crimes?

Alguns analistas políticos já falam abertamente e a TV mostra com certa freqüência como grupos criminosos estão cada vez mais se infiltrando na política.

Um dos principais meios para se chegar a uma decisão e ao candidado correto é uma análise de vários aspectos como sua ficha criminal e de processos, sua vida tanto civil quanto pública e até mesmo nossos próprios valores. Uma excelente ferramenta para se verificar a “ficha” do candidato são dois sites – já citados acima. O primeiro é o projeto Excelências, da Transparência Brasil (http://www.excelencias.org.br/) e o outro é o Web Site da Associação dos Magistrados Brasileiros (http://www.amb.com.br/eleicoeslimpas/).

É muito provável que eu tenha esquecido de outros tópicos importantes para se analisar, porém acredito que estes que listei acima já ajudarão bastante. Para finalizar, nossa responsabilidade não reside só em votar e depois deixar “a coisa rolar”. Após as eleições devemos sempre estar de olho nos políticos em que votamos, mesmo que isto pareça ser chato ou difícil. Os programas de rádio dedicados exclusivamente às notícias são um bom meio de se manter informado enquanto você estiver no trânsito ou trabalhando.

Espero ter com estas simples dicas ajudado na escolha de seu candidado. Lembre-se de nunca se influenciar por pressões de outras pessoas. O Voto é secreto e um direito garantido na constituição Brasileira!

Referência(s)

www.ime.unicamp.br/~nancy/Cursos/me320/falaciaPesquisaEleitoral.pdf
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ret%C3%B3rica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fal%C3%A1cia
http://www.tre-sp.jus.br/noticias/textos%202006/not060705a.htm

Autor(a)

Daniel Pereira

Formado em Física / Astrofísica pela Universidade de São Paulo. Fez cursos nas faculdades de Filosofia, Geologia e Matemática na Universidade de São Paulo. Fez cursos na área de artes plásticas e história da arte no Centro Cultural São Paulo. Também frequentou o curso de Introdução a Psicanálise pelo Instituto Sedes Sapientiae. Atua na área de tecnologia e web desenvolvendo soluções voltadas para várias áreas do conhecimento, incluindo pesquisa com redes sociais. Atualmente atua para um grande portal de notícias.

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