A Alteridade é de fato um termo desconhecido por muitas pessoas. É utilizado pela Antropologia, Sociologia e Filosofia e hoje já está presente em diversas ciências que sentem em seu cerne a necessidade de utilização deste termo, diante dos acontecimentos nebulosos constantes em nosso cotidiano.
Sempre quando falo sobre a Alteridade, penso sobre o ato de me colocar no lugar do outro. Não significa simplesmente ouvir ou compreender, mas sim tentar entender os motivos pelos quais levam as pessoas a terem determinadas atitudes frente a diversas situações, por mais erradas ou absurdas que possam parecer.
Quando proponho nesta reflexão de nos colocarmos no lugar do outro, neste amplo processo de compreensão, peço que cada pessoa tente compreender os motivos pelos quais, pessoa A ou pessoa B tem determinadas atitudes. Não significando que teremos sempre que aceitar os fatos, mas que possamos compreender e, se possível, ajudar.
Sabemos que todo ser humano é diferente e que o respeito precisa prevalecer nas relações existentes na família, nas escolas, nas empresas, na vida e, principalmente, no cotidiano em que vivemos. A partir do momento que compreendemos e nos colocamos no lugar do outro tentamos respeitar e ate ajudar se for preciso.
O que de fato acontece, é que sempre pedimos para nos compreenderem, que entendam nossa posição, mas não fazemos o percurso contrário. Esquecemos que a vida é uma via de mão dupla e que se faz necessária compreensão em todos os aspectos nela envolvidos. Não podemos mudar as pessoas, mas podemos mudar a nós mesmos. Necessariamente as pessoas não precisam ser iguais a nós e não devem, até porque cada pessoa tem a sua identidade, seu jeito de ser, sua forma de pensar e agir diante de situações, compreender. Não significa aceitar mas, sim, ajudar e até criar mecanismos para se defender diante dos outros.
A alteridade na vida pode e deve ser praticada. Pensamos em um estuprador, um assassino, um homem bomba, um mau funcionário, um patrão ruim ou um péssimo aluno. Que fatores aquele indivíduo teve durante sua vida que o levarão a construir este tipo de identidade? Quais exemplos eles tinham em sua casa? Qual era o seu estilo de vida? Como era a vida desse indivíduo que fez com que ele se tornasse assim? Isso não significa dizer que devem ficar impunes, jamais, cada erro tem sua consequência e por isso sua sanção.
Se pensarmos em um relacionamento, em que muitas vezes existe a necessidade mudar o outro. Sabemos que no inicio de um namoro tudo são flores, a paixão está no auge e muitas pessoas se sentem impulsionadas ao casamento. Casam-se e ai com o passar dos anos esquecem que tudo muda, as pessoas começam a conviver com o costume dos outros, e o que era aceitável passa a ser o mais detestável possível. Se pensarmos em um patrão que por diversas vezes diz que o funcionário é ótimo aos olhos até enquanto ele doa-se ao extremo, mas na primeira falha, aquele funcionário perde a importância, como se nem existisse mais. Da mesma maneira, muitas vezes, o trabalhador diz ter um ótimo patrão, mas na primeira correção, aquele patrão torna-se a pior pessoa do mundo.
Como somos falhos, como somos superficiais enquanto seres humanos. É como se as pessoas não fossem significativas e que tudo que foi realizado acabou em uma ação não positiva. Que possamos retirar o positivo e ajudar as pessoas a corrigir seus negativos e nos ajudar a corrigir os nossos também.
Levar a alteridade para sua vida. É passar a entender diversos fatores, é compreender os porquês da vida e refletir sobre eles. É entender que para toda ação existe um motivo e que existe um outro que é diferente de mim. É perceber que não são os meus motivos, mas que são motivos em comuns, que não existe só a minha visão, mas que tem um outro ali, que tanto quanto eu pensa, respira, tem sonhos, anseios e precisa ser visto e respeitado da mesma maneira que precisa me respeitar também.
Que possamos fazer da alteridade princípio de vida. Que de fato se colocar no local do outro seja uma constante, sem perder a sua identidade. Que não façamos só o contrário de querermos que os outros se coloquem em nosso lugar, mas que possamos compreender que nas regras de convivência não existe só uma pessoa, existem duas, três, ou uma infinidade, mas que cada pessoa tem sua devida importância dentro de um local chamado mundo, em um veículo que denominamos vida. Se coloque no local do outro e o respeite como fosse você.
Alteridade já! Leve esta ferramenta como princípio de vida.