Aproximadamente três quartos de água cobrem a superfície do nosso planeta. O volume de água existente na Terra é de quase um milhão e meio de Km3, dos quais 95,5% são de águas do mar (salgada) e 2,2% são das calotas polares e geleiras, restando apenas 2,3% de água potável para utilização, incluindo aquela dos lagos, cursos d'água e da atmosfera, mas principalmente a água do solo e subsolo. Esta é a água que sustenta a vida na Terra; "Terra, planeta água", como diz a canção.
Em meados dos anos 90, quando cursava o colegial (atual ensino médio), lembro de ter assistido uma aula de geografia sobre ecologia e a água, meu professor da época falava sobre o abastecimento de água em São Paulo e da importância da proteção dos mananciais da região metropolitana, também falou que no século XXI a escassez de água seria o principal problema a ser enfrentado pela humanidade, sendo que, segundo dados da época, a crise no abastecimento de água poderia matar de sede 25 milhões de pessoas no mundo, e dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) também mostravam que 80% das doenças, principalmente em crianças, são provocados por falta de água limpa, devido a rios poluídos, sem vida.
A crise começa a sinalizar sua gravidade nos dias atuais com notícias quase que diárias sobre o racionamento de água, escassez de chuva e poluição dos lençóis freáticos.
Existem muitos tipos de poluição da água, os principais são: a poluição por agrotóxicos não biodegradáveis, que usados de modo incorreto acabam contaminado não somente os alimentos cultivados mas também os rios e mares (os agrotóxicos se acumulam no decorrer da cadeia alimentar, sendo que esses alimentos são os principais causadores de câncer em países do terceiro mundo); poluição por metais pesados liberados pela atividade industrial química e metalúrgica, que também se acumulam no decorrer da cadeia alimentar, eliminando e contaminando os peixes, deixando-os impróprios para o consumo; poluição térmica, água aquecida liberada por usinas nucleares de eletricidade, que causa o aumento do número de microorganismos e a diminuição da solubilidade de gases na água, principalmente oxigênio, impossibilitando a vida aquática; poluição por nitratos e fosfatos que são usados em adubos químicos e na formulação de detergentes domésticos, que também são nutrientes para os microorganismos aquáticos; e poluição por materiais orgânicos, que normalmente é o esgoto doméstico, que também faz aumentar os nutrientes na água, aumentando os microorganismos que consomem o oxigênio, impossibilitando a vida, resistindo apenas bactérias anaeróbicas. Este último tipo de poluição ocorre, por exemplo, no rio Tietê, no trecho metropolitano de São Paulo.
Como se pode constatar poluir é muito fácil, mas preservar e cuidar do meio é trabalho árduo e diário. A tarefa de tratamento dos esgotos domésticos e industriais da cidade de São Paulo é tarefa da SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) com suas estações de tratamento e o trabalho de recuperação dos rios e mananciais, porém a prevenção e proteção depende de todos os cidadãos brasileiros, e principalmente que o governo adote uma postura ecológica mais adequada.
O crescimento descontrolado e sem planejamento das cidades, principalmente na cidade de São Paulo, fez com que as pessoas de baixa renda fossem empurradas para as regiões periféricas, onde construíram barracos e favelas, nessas localidades não há um trabalho de saneamento básico adequado, pois lá encontramos esgotos a céu aberto e crianças brincando próximo (e às vezes dentro) desses esgotos. Outro fato importante é a construção de favelas próximos aos mananciais e represas de água de São Paulo, onde o risco de contaminação da água é evidente e inevitável, tornando-a imprópria para o consumo. Apesar de ocorrer essa contaminação constante, ela só não explica a falta d'água em São Paulo, sendo que boa parte da responsabilidade também é do desperdício! Como deixar a torneira aberta, furos na tubulação, banhos demorados, lavar a calçada em vez de varrer, etc. A SABESP garantiu que só pode fornecer água com qualidade até o ano de 2010.
A população mundial quadruplicou desde 1900 e o consumo de água, no mesmo período, aumentou quase dez vezes, esse crescimento populacional exige maior demanda de recursos híbridos, que não pode ser atendida pelo ciclo natural hidrográfico e consequentemente a qualidade da água é progressivamente prejudicada.
A única forma de evitar um mal maior são medidas em prol da conservação ambiental, e educação, pois conduz as pessoas a uma compreensão maior do funcionamento dos sistemas naturais e habilita para a prática da conservação da natureza, evitando o desperdício e a poluição, além de instruir outras pessoas a fazerem o mesmo. Todos nós devemos colocar em prática ações que visem um uso racional da água, para isso podemos começar pela nossa própria casa, procurando buracos na tubulação de água, usando produtos biodegradáveis, não tomar banhos demorados, não deixando a água escoando quando estiver lavando a louça ou escovando os dentes ou varrendo a calçada. Ao invés de lavar com a mangueira, mas se precisar de usar a água para limpar os dejetos da calçada, use um balde com água, sabão e esfregão. Podemos também realizar ações comunitárias como comunicar a SABESP sobre possíveis vazamentos na rua, orientar os vizinhos a seguir nossos exemplos acima, procurar lavar o carro em locais que não desperdiçam a água e a reutilizam. Além de tudo isso podemos estimular discussões sobre a poluição e o desperdício da água nas escolas, reuniões do condomínio, com os amigos, no trabalho, etc. Cabe a cada pessoa pensar e sugerir formas de como utilizar a água adequadamente, e colocar em prática as sugestões. Vamos começar desde já!
Você já foi olhar se não tem nenhuma torneira pingando?
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